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Edifício Sede da Junta de Freguesia de Benfica

Descrição:

Edificado com planta datada de 1914, de espírito romântico, com entrada principal sobressaída do restante corpo, marcada pela escadaria de acesso à entrada em arco de volta perfeita e colunas de capitéis fitomórficos. A entrada cria uma varanda no segundo piso, dando maior destaque a esta. As janelas deste corpo central, são todas delimitadas por arcos de volta perfeita.

O corpo do lado esquerdo, no primeiro piso, onde se entrava a sala de leitura, encontra-se marcado por uma janela de tipo termas, que permitia uma maior e melhor iluminação do espaço.

Cronologia:

1914, 24 de maio – Inauguração do Clube Desportos de Benfica. A cerimónia contou com a presença de numerosa assistência e com a presença do Chefe de Estado e do Ministro da Marinha.

1915 – Inauguração do Cine Clube de Benfica.

1916, 17 de setembro – O Sport Lisboa e Benfica, instala aqui a sede e serviços administrativos do clube, bem como diversas modalidades desportivas, sendo a mais importante, a par do futebol, o hóquei em patins.

1978 – O edificado passa para a propriedade da Câmara Municipal de Benfica. Nesse ano o Presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Alfredo Alves, diligenciou, e conseguiu, o acordo com o Presidente da Câmara, Aquilino Ribeiro Machado, a cedência do imóvel para sede da Junta de Freguesia.

1983 – Instalam-se os serviços administrativos da Junta. Início da construção da piscina da Junta de Freguesia, onde outrora tinha sido o campo de tiro ao alvo do Desportos de Benfica.

1984 – Instalação definitiva de todos os serviços da Junta de Freguesia.

1992, 21 de outubro – Remodelação do Cine Clube de Benfica e inauguração do Auditório, com lugar para 115 espectadores. As obras foram custeadas pela Junta de Freguesia de Benfica e pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, conferindo-lhe melhores condições técnicas e de acústica. Ainda nesse ano, o auditório foi batizado com o nome de Carlos Paredes, após uma homenagem ao artista.

2001, 30 de maio – Inauguração do novo ring de patinagem, que veio substituir o que existia desde 1914, batizado com o nome de Ringue António Livramento, em homenagem a uma das maiores figuras do hóquei em patins, que aqui tinha jogado. A inauguração contou com uma homenagem a António Livramento e a representação de um espetáculo da dupla de atores António Feio e José Pedro Gomes, “Conversa da Treta” e um recital de Maria João e Mário Laginha.

2018, dezembro – O Auditório Carlos Paredes fecha para nova intervenção de conservação e melhoria das suas condições técnicas e de acolhimento de publico, com intervenção ao nível da acústica, um sistema de captação de som, a renovação dos acentos, a remodelação estética do foyer, corredores e da sala principal, bem como, com o restauro da boca de palco.

2019, 19 de janeiro – Reabertura do Auditório Carlos Paredes com o concerto de Armando Gama.

Factos e curiosidades:

Na edição de junho de 1914, a revista Brasil Portugal, descrevia Benfica como um local com «magníficas quintas com sorridentes chalet’s circundados de lindas flores e arbustos ornamentais». O artigo continua dizendo que, apesar de tudo, não havia um local de reunião, «um Club onde se passassem algumas horas das longas noites de Inverno», o único ponto de reunião era a farmácia. Nesse sentido, e citando a mesma fonte, «meia dúzia de indivíduos residentes em Benfica, de génio rasgado e progressivo, lançando mão de uma ideia nascida de ligeira conversa na farmácia», inauguraram, a 24 de Maio de 1914, o Desportos de Benfica. A cerimónia contou com a presença de «numerosa assistência e a presença do Chefe de Estado e do Ministro da Marinha», tendo sido oferecido «um magnifico buffet e uma taça de champagne a todos os convidados». No artigo dá-se especial relevância «ao amplo edifício, cujo grandioso e elegante alçado com frente para a Avenida Gomes Pereira domina todo o vasto terreno de sports que lhe fica adjunto… Junto ao Ring de Patinagem existe um Restaurant servido pela Brasileira, onde tem um serviço permanente de lunchs e jantares».

Pelo rinque de patinagem passaram os maiores vultos do hóquei em patins, com destaque para o António Livramento, cuja vida desportiva esteve sempre intimamente ligada a este espaço.

O Cine Clube de Benfica foi inaugurado em 1915 numa «cerimónia onde se gastaram 15.000 reis de bolos sortidos e garrafas de vinho». A história destes dois espaços, interlaça-se nesta data, para nunca mais se separar. No ano seguinte, com a instalação da sede do Sport Lisboa e Benfica, no edificado, o Cine Clube, durante décadas a única sala de cinema de Benfica, passa a ser conhecido como o cinema do Benfica.

Foi durante décadas, para os sócios do Clube e para o público em geral, um espaço privilegiado para atividades culturais e recreativas, como bailes de Fim de Ano e de Carnaval. No início dos anos setenta do século XX, apesar da degradação do espaço, ainda ali se realizavam sessões de cinema regulares, que no verão eram ao ar livre, no espaço do rinque de patinagem. Porém, a forte pressão criada pelo nascimento de novas salas de cinema, com outras condições, pela cidade de Lisboa, foi ditando o afastamento do público.

A 21 de Outubro de 1992, após as obras de remodelação, foi inaugurado o novo auditório da Junta de Freguesia de Benfica, já sem bolos finos e vinho, mas com a apresentação de um filme sobre Benfica, um espetáculo de ballet por alunos do

Centro Cultural e um concerto de Sérgio Godinho. Da estrutura original do antigo Cine Teatro, mantém-se apenas as colunas da boca de cena.

As melhorias permitiram, à data, receber a estreia de peças de relevo incontornável, que marcariam profundamente o cenário teatral português, como «O Verdadeiro Oeste, «Inox. Take 5» e «Conversa da Treta».

O Auditório Carlos Paredes estreou-se com a peça “O Verdadeiro Oeste”, da autoria de Sam Shepard, com os atores José Pedro Gomes, Marques D’Arede e Virgílio Castelo e, como encenador, António Feio. A peça que estreia em 1992, é o primeiro trabalho em conjunto, daquela que viria a ser uma dupla de sucesso, António Feio e José Pedro Gomes. No ano seguinte, é levada a cena a peça «Inox. Take 5», concebida por José Pedro Gomes juntamente com a Ana Bola, em 1991. Por fim, marco proeminente na história do Auditório, é a estreia, em 1997, da peça criada por José Fanha, «Conversa da Treta», encenada e interpretada pelo famoso duo António Feio e José Pedro Gomes, com cenário e figurinos de António Jorge Gonçalves, música de Manuel Faria e desenho de luz de João Paulo Xavier.

Daí em diante, o Auditório acolheu vários espetáculos e artistas das mais diversas áreas, entre eles, Júlio Pereira, Janita Salomé, Rao Kyao, Pedro Moutinho, Mísia, Pedro Caldeira Cabral, Amélia Muge, Lena d´Água, Maria João, Cristiana Águas, Pedro Jóia, Fernando Pereira ou o Maestro António Victorino de Almeida.


Morada:Avenida Gomes Pereira, 17