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Parque Silva Porto (Mata de Benfica)

Descrição:

Parque de planta trapezoidal onde predomina a vegetação arbórea, estruturando-se numa rede de caminhos que se adaptam à topografia do terreno, implantados maioritariamente segundo as curvas de nível, abrangendo todo o espaço que é dotado de diversos equipamentos e zonas de estadia.

É delimitado por muro com gradeamento em ferro e o acesso é feito por três portões, também em ferro, o portão principal situado no extremo nordeste, na zona mais baixa do parque; outro no ponto mais alto, a sul, e o terceiro, mais pequeno, situa-se no limite oeste.

No topo da colina, que tem acesso direto pelo portão sul, encontra-se o café da Mata, o lago, o parque infantil e os campos de padel, onde outrora existiu a piscina infantil.

A marcar o topo do parque, com vista sobre a encosta norte, o Café da Mata, situado numa plataforma de forma semicircular delimitada por uma cerca em madeira onde se dispõe a esplanada ensombrada por um pinheiro-manso. A sul do café encontra-se o lago de forma retangular com um repuxo ao centro. Este é enquadrado a norte por uma estátua e sebe de bambu (Phyllostachys sp.) e a este por um caminho com bancos em madeira, que liga o café ao parque infantil. Adjacente ao lago, a norte, situa-se uma zona onde habitam patos e onde se encontram pateiras, sendo ambos os espaços vedados. O parque infantil, situa-se a sul do lago. É uma zona vedada de forma trapezoidal, com um pequeno edifício circular (um pombal), diversos equipamentos, mesas e bancos, que é pontuada por árvores como o alfenheiro-do-japão (Ligustrum lucidum), eucalipto (Eucaliptus sp.) e palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis).

A sul do parque infantil, junto ao portão sul, encontram-se os campos de padel. Na encosta oeste, encontra-se o parque aventura - Bx Adventure Park - que é composto por percursos de obstáculos nas copas das árvores, slide, escalada e rapel, adaptados a diferentes faixas estárias. Os diversos percursos e atividades distribuem-se ao longo da encosta entre espécies como ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera pissardii), cedro-do-Buçaco (Cupressus lusitânica), eucalipto (Eucaliptus sp.), pinheiro-manso (pinus pinea), carvalho-cerquinho (Quercus faginea) e sobreiro (Quercus suber). Nesta zona encontram-se também conjuntos de mesas e bancos e junto ao limite oeste do parque, próximo do portão de acesso, existe também um equipamento de fitness.

O parque de merendas situa-se na zona norte do parque com conjuntos de mesas e bancos em toros de madeira, que são dispostas entre exemplares de ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera pissardii), alfenheiro-do-japão (Ligustrum lucidum), eucalipto (Eucaliptus sp.), pinheiro-manso (pinus pinea), loendro (Nerium oleander) e sempre-noiva (Spirea cantoniensis). Adjacente a este, junto ao limite norte encontra-se um parque canino. Este é vedado por sulipas de madeira e no seu interior encontramos um percurso de obstáculos, mesas e bancos também em

madeira. Na zona este, o arvoredo composto por: eucalipto (Eucaliptus sp.), ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera pissardii), carvalho-cerquinho (Quercus faginea), cedro-do-Buçaco (Cupressus lusitânica), incenso (Pittosporum undulatum), entres outras, é recortado por caminhos com bancos que percorrem a encosta, proporcionando um ambiente tranquilo. Nesta zona, frente ao portão principal, um busto do Silva Porto da autoria de Costa Mota (sobrinho) e os sanitários públicos.

Cronologia:

1702 – Referência no Livro das Almas da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo a um Francisco João, morador na Quinta da Feiteira.

1755 - O Livro das Almas da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo regista a residência na Quinta da Feiteira de Arcângela Maria e seu irmão, o Padre Pedro da Costa.

1769 – Residem na Quinta da Feiteira, um Pedro Lourenço e a sua mulher.

1782 – Registo de residência na Quinta da Feiteira de um empregado chamado Leandro João.

1800 – Francisco José Pereira, proprietário da Quinta da Feiteira manda recuperar a Capela de São Gonçalo.

1858 – Viviam na Quinta, Fernando Emídio da Silva com D. Edwiges Eugénio da Mota e Manuel Inácio da Mota e Silva e mais cinco criados.

1880 - João Carlos Ulrich, manda plantar um pequeno bosque, com cerca de 4 hectares, numa parcela da quinta para embelezar o seu palacete da Feiteira;

1903 – Os herdeiros de João Carlos Ulrich, vendem a propriedade da Feiteira a um «brasileiro» de nome César Augusto de Figueiredo.

1911 - César Augusto de Figueiredo, por influência do vereador da Câmra Municipal de Lisboa António Alberto Marques, doa o pequeno bosque à Câmara Municipal de Lisboa, na condição de ser acessível a todos os cidadãos. Dá-se inicio às obras para a construção do Parque, começando a demolição do muro que dividia esta propriedade da Quinta do Caldas, onde mais tarde veio a ser instalado o Patronato Paroquial de Benfica, que alugou um parte dela para a instalação do campo desportivo do Clube Futebol de Benfica. À cerimónia de destruição do muro assistiram os vereadores António Alberto Marques, Miranda do Vale e o arquiteto Ventura Terra, muita população, enquanto a Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica tocava música e se lançavam foguetes.

1911, 23 julho – Após as obras de adaptação, o parque é inaugurado.

1916 - Construção das instalações sanitárias.

1918 - O parque passa a ser denominado Parque Silva Porto, em homenagem ao pintor António Francisco Ferreira da Silva. É colocado, no exterior, em frente ao portão principal, um busto do pintor da autoria de Costa Mota (Sobrinho), tendo sido mais tarde transferido para o interior.

1950 - A Sociedade de Belas Artes, ao comemorar o centenário do nascimento do pintor Silva Porto, juntou uma palma de bronze ao monumento.

2011, 8 julho - Inauguração do parque Aventura.

2012 - O parque recebe obras de requalificação.

2012, 30 agosto - Presente na lista de bens da carta municipal do património edificado e paisagístico anexa ao regulamento do PDM de Lisboa, Aviso nº 11622/2012, DR, 2ª série, nº 168.

2013, 19 janeiro - Um temporal provoca a queda de muitas árvores e deixa muitas em risco de queda e um talude fica em risco de desabar, o que leva ao encerramento do parque.

2013, 9 fevereiro - O parque é reaberto depois de a Junta de Freguesia de Benfica ter efetuado obras de requalificação.

Factos e curiosidades:

As origens do Parque Silva Porto estão profundamente ligadas à história da Quinta da Feiteira. Porém, traçar a história desta não surge como tarefa fácil, pois as fontes são escassas e dispersas.

De acordo com as descrições, a quinta era composta por área agrícola, estruturas habitacionais para criados e trabalhadores, cavalariças, casa mãe e uma capela dedicada a São Gonçalo.

Foi César Augusto quem mandou colocar portões de ferro e construir um murete encimado por grades de ferro forjado, para delimitar o bosque. Estes portões, instalados na entrada que dá para a Avenida Grão Vasco, eram, originalmente, as Portas de São Sebastião da Pedreira, antigo limite fronteiriço da cidade de Lisboa.

Em início do século XX, o espaço é conhecido como o «Passeio da Feiteira».

Na planta topográfica de Lisboa, de 1908, conseguimos distinguir os limites dos terrenos da Quinta da Feiteira. A Norte, era delimitada pela Ribeira de Alcântara, a Sul, pela Quinta da Feiteira de Cima; a Este pela Quinta do Semedo, que por seu turno confinava na Estrada das Garridas e a Oeste, pela Quinta da Casquilha.

Em agosto de 1916 e de 1917, o Parque recebia festejos, com concertos, teatros ao ar livre, exibição de ranchos, entre outros divertimentos patrocinados pela Câmara Municipal.

Em 1913, o arquiteto José Alexandre Soares apresenta à Câmara Municipal de Lisboa um projeto de quiosques pavilhões-retretes para senhoras. Estes destinavam-se a ser implantados em praças e jardins públicos e incluíam anexos para venda de flores e jornais. A proposta do projeto refere expressamente que as soluções encontradas, referindo-se aos materiais, têm em conta preocupações económicas e de adaptação ao clima. É de notar que, apesar desta preocupação, de ordem prática, o projeto não descorou, questões de ordem estética.
O modelo adotado, tal como nos coretos de Lisboa, segue a linha dos kiosco, de origem persa, muito ao gosto da passagem do século 19 para o século 20. Modelo que consiste num pavilhão coberto, geralmente de paredes vazadas, que era vulgar à época nos jardins, destinados ao descanso ou abrigo. Contudo, enquanto os coretos utilizam a inovadora arquitetura do ferro, nestes adotou-se uma estrutura de alvenaria com materiais tradicionais como a madeira e o tijolo burro ou vulgar.
Os pavilhões apresentam planta quadrada e 2 níveis de cobertura que nos remetem para uma estética oriental, tão em voga à época. Cada fachada tem uma porta de acesso ao interior, que alterna com um balcão. A ladear essas aberturas, um espaço reservado para painéis de azulejos. Não se sabe ao certo quantos destes quiosques-retretes foram construídos em Lisboa, porém, 4 chegaram até aos nossos dias: o do Parque Silva Porto, 1 no Jardim Roque Gameiro, no Cias do Sodré; outro no Jardim Constantino, em Arroios e, por fim, um no Jardim do Poço do Bispo. Teria, ainda, existido um outro, entretanto desaparecido, no Jardim do Príncipe Real. Dos quiosques sobreviventes, o mais antigo é o da Mata de Benfica, com 8 painéis de azulejos de 3x5, assinados e datados de 1915.
O programa azulejar é da autoria do pintor José António Jorge Pinto, artista que se notabilizou pelas suas composições em estilo Arte Nova. Os desenham mostram-nos figuras naturalistas, de linhas sinuosas e ritmos ondulantes característicos deste estilo, e que aqui surpreendem pela riqueza cromática e pela sensualidade dos temas: a personificação da fonte, do bosque e da caça, que convivem com a expressão bem me quer, mal me quer, muito, pouco, nada. Conceitos de frescura, verde, conquista e enamoramento, coerentes com a vivência de passeio e fruição da natureza da mata.

No maciço arbóreo, podemos observar, entre muitas outras espécies, o cedro-do-Buçaco, o eucalipto, o pitosporo, além de espécies autóctones, como o sobreiro, o carvalho-cerquinho ou o pinheiro-manso. O chamariz, o pintassilgo, a toutinegra ou a rola-comum, são alguns dos habitantes que compõem a fauna do parque.


 


Morada:Zona contigua ao Bairro de Santa Cruz, de um lado, e do outro ao Clube Futebol Benfica