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Mercado de Benfica

Descrição:

O projeto do edifício apresenta uma planta circular, com 60m de diâmetro (nave) e cobertura de calote esférica. Foi descrito no Plano Global de Ordenamento como um «notável exemplo de uma arquitectura com uma componente estrutural importante, é um desafio à técnica de engenharia de betão». Em termos arquitetónicos, o seu desenho, é simples e eficaz, criando naves de circulação intercaladas por bancadas de venda, com o setor de peixe ao centro, e uma cintura de lojas na periferia do edifício.

O acesso ao interior fazia-se por 3 entradas, cada uma decorada com um relevo, colocado na prede lateral e simbolizando diferentes produtos que ali podiam ser encontrados, como a caça, o peixe e as flores.

A estrutura acrescentada à porta sul, é um projeto da autoria do arquiteto Moreira Gomes e visava a integração dos vendedores ambulantes da Rua Morais Sarmento. Neste, a sua maior preocupação, em termos de conceito, foi a do ajustamento ao edifício original de maneira a que o público visse nele uma certa continuidade do interior. Esta foi conseguida através de uma grande área totalmente coberta, ligada ao edifício por uma das antigas portas (a porta sul), não necessitando o utente de utilizar percursos de difícil leitura ou de ultrapassar obstáculos físicos desaconselháveis. A relação com o exterior faz-se pela ausência de paredes de fecho desta área permitindo uma fácil apropriação dos espaços contíguos e pelo fácil acesso a estes.

A cobertura tem a mesma altura do mercado, onde a nave de venda se compõe de um calote esférica a grande altura, contrastando com os níveis inferiores das cobertas das lojas que se situam em toda a periferia. A relação com o exterior faz-se pela ausência de paredes de fecho desta área, permitindo uma fácil apropriação dos espaços contíguos e pelo fácil acesso a estes.

A estrutura modelada é constituída por perfis de aço de seção circular, suportados em banzós e diagonais. A cobertura sobre toda a superfície é feita em chapa de aço perfilada.

Cronologia:

1923, 1 de abril – É criado num armazém da Avenida Grão Vasco, um armazém. A concessão de exploração é entregue a José Teófilo de Oliveira Leone, por um período de dez anos, tendo sido lavrada a escritura a 17 de março de 1923 e, depois, prolongada por mais 15 anos, findos os quais o mercado passava para a Câmara Municipal de Lisboa.

1948, julho – Instala-se na Avenida Grão Vasco o mercado de levante. Com o passar do tempo, as condições de higiene e sanitárias, foram-se deteriorando, nasce a ideia de se contruir um mercado mais definitivo, capaz de corresponder às crescentes necessidades da população que, entretanto, aumentava acentuadamente.

1968, 22 de outubro – É celebrada a escritura com a construtora EMPEC – Empresa de Estudos e Construções, Lda., escolhida por concurso público. Esta é publicada no Diário Municipal 10.102. de 26 do mesmo mês e ano e a quantia envolvida na sua construção rondou os 12.723.700$00. O local escolhido para a construção do novo mercado foi a antiga Quinta da Casquilha e o projeto entregue ao arquiteto Fernando da Costa Belém.

1968, 6 de novembro – Início das obras de construção do Mercado de Benfica.

1971, 19 de outubro – É inaugurado o Mercado de Benfica. Recebeu, nesse dia, a visita de algumas individualidades, nomeadamente, do Presidente da Câmara, o Eng.º Fernando Augusto Santos e Castro, e do Vice-Presidente, o Eng.º Segismundo do Carmo da Câmara de Saldanha.

1993 – Projeto de ampliação do mercado, com intuito de instalar os vendedores ambulantes da Rua Morais Sarmento.

1996, março a 1997, janeiro - Reordenamento do mercado com vista a uma distribuição adequada dos vários sectores de produtos. No anel central são colocados 17 comerciantes de peixe fresco; no anel intermédio, 10 comerciantes de peixe fresco e 5 de peixe congelado; os lugares hortícolas foram melhorados com o fecho a alvenaria forrado a azulejo; as bancas são ampliadas e, no terceiro anel, voltados para o interior do anel, a seção de lacticínios, pão e bolos, e, voltado para fora do anel, a venda de criação.

2010 – Obras de manutenção.

Factos históricos e curiosidades:

Ao longo dos séculos, a população de Benfica possuía um pequeno pedaço de terra, um pequeno quintal ou uma grande quinta de onde tirava o sustento necessário à sua subsistência. Porém, no início deste século começa a ser notória a necessidade de criar um local próprio de abastecimento quer de produtos hortícolas, quer de produtos do mar.

Foi o último mercado a ser inaugurado antes da Revolução de 1974.

À data de abertura, contava com um total de 11 lojas (4 talhos; 3 salsicharias; 1 talho de miudezas; 2 lojas de lacticínios e 1 cantina) e com um total de 151 lugares de venda (90 de produtos hortícolas frescos e secos; 10 de fruta; 10 de criação, ovos e caça; 30 de peixe e mariscos frescos; 4 de embalagens; 6 de flores, plantas e sementes e, pro fim, 1 de gelo).

A história do Mercado sofre um duro golpe, logo um ano após a sua inauguração. Esperava-se que a população numerosa frequentasse o espaço em grande número, porém, esta, sobretudo os mais jovens, não frequentava assiduamente o mercado, preferindo fazer as suas compras, nos recém aparecidos e modernos, supermercados, que nesta altura se encontram em expansão. Um deles ficava particularmente próximo, - o Pão de Açúcar da Venda Nova. Por outro lado, a concorrência do aglomerado de venda ambulante da Rua General Morais Sarmento também se fez sentir. À concorrência dos supermercados, juntavam-se outras queixas, como, os métodos antiquados de exposição e venda dos produtos; os horários de funcionamento restritos; a falta de publicidade junta da população e dos restaurantes locais. Como resultado: muitos dos lugares de bancas e lojas começaram a vagar. Para tentar fazer frente a estes problemas, a Câmara Municipal, levou a cabo obras de melhoramento, como, o alargamento da área comercial, alargamento do leque de produtos colocados à venda; instalação de sanitários novos e a construção de lojas maiores, com dimensão igual à dos talhos.

Ainda assim, este conjunto de obras não foi suficiente para a recuperação do mercado, tornando-se necessário planificar uma intervenção mais profunda para resolver eficazmente os problemas identificados. Assim, é criado, o Plano Global de Ordenamento, desenvolvido com o objetivo de reabilitar o mercado como local preferencial de aquisição de produtos alimentares frescos. Para tal, delineou um plano de remodelação do interior do edifício; modernização da imagem: melhoria das condições de higiene e limpeza; modernização dos expositores dos produtos, substituindo bancas de pedra por outros expositores; redução do número de comerciantes de peixe e de hortícolas e aumento das dimensões dos seus espaços, por forma a melhorar as condições de comercialização, permitindo baixar os preços; diversificação de produtos; alargamento do horário de funcionamento, entre outras medias.

Um outro aspeto considerado pelo Plano, foi a integração do aglomerado de venda ambulante da rua morais sarmento no próprio mercado. Nasce, o Projeto Geral de Ampliação do Mercado de Benfica, que prevê a construção de um corpo adjacente ao edifício, na entrada sul, preenchendo uma área coberta total de 1 450 m2., para os comerciantes dos produtos não alimentares. Os produtos alimentares são instalados no próprio recinto de venda do mercado. Desta ação destaca-se a integração do importante sector de peixe que contava, nessa altura, com um total de 32 vendedores.


Morada:Rua João Frederico Ludovice