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Igreja Paroquial de Benfica / Igreja de Nossa Senhora do Amparo

Descrição:

A fachada denuncia a estética do barroco de gosto italianizante do primeiro arquiteto, João Frederico Ludovice. A simplicidade do exterior contrasta com o programa decorativo tardobarroco do interior digno de nota. A igreja de planta em cruz latina, composta por uma nave, transepto pouco saliente e capela-mor estreita, recebeu obra de mestres como os pintores Pereira Cão e Pedro Alexandrino de Carvalho, e o entalhador Manuel António de Azevedo. Assim, do lado esquerdo, na Capela Batismal, um quadro da autoria de Pedro Alexandrino, representando o Batismo de Cristo.

No teto estucado, da autoria de Pereira Cão, restaurado em 1972, distinguem-se, entre as imagens, algumas que representam várias invocações da Ladainha de Nossa Senhora.

Nas capelas laterais, do lado esquerdo, depois do Batistério, encontra-se o altar de São Sebastião, seguindo-se o dedicado a São Miguel, ambas com tela da autoria de Pedro Alexandrino.

No cruzeiro, onde outrora se encontrava a capela do Santíssimo Sacramento, confirmado pelo programa iconográfico do teto alusivo à Eucaristia e do painel evocativo da Última Ceia, mais uma vez, da autoria de Pedro Alexandrino, encontra-se hoje a capela do Coração de Jesus. Nos lados, os 4 painéis representam os 4 grandes Doutores da Igreja: São Gregório Magno, Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerónimo.

A primeira capela do lado direito, é consagrada a Santa Luzia, seguindo-se a de Santo António. Em ambas, a imagem condiz, com a respetiva tela e são as duas da autoria de Alexandrino. As imagens destes dois santos e as de São Sebastião e São Miguel, foram trazidas da igreja medieval, anterior a esta.

Onde originalmente se encontrava a capela consagrada ao Senhor dos Passos, hoje encontra-se a capela de Nossa Senhora de Fátima, com obra alusiva às aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos, da autoria de Teresa de Matos, datada de 1974.

A capela-mor, de mármores policromos, brancos, negros e rosados, é devedora do modelo de Mafra. O pórtico abre-se para o trono, em mármores brancos e rosa, terminando numa peanha de nuvens e querubins onde assentava a «maquineta» para a exposição solene do Santíssimo Sacramento na custódia. Esta foi substituída pelo Crucifixo de marfim em 1983/84.

Mais abaixo, a imagem de Nossa Senhora do Amparo, que substituiu a imagem de roca, que tinha vindo da igreja medieval.

Nos nichos laterais da capela, as imagens de São José e de São Pedro, ambas da década de setenta do século 20, sendo esta última uma cópia de uma outra do século 18.

A sacristia, onde se encontram os azulejos de figura avulsa oriundos da Quinta da Buraca, tem o teto, com painel central representando o Bom Pastor, rodeado por 4 painéis com os profetas Jeremias, Isaías, Ezequiel e Daniel e na parede do topo, o lavabo, em cantaria de calcário, formado por espaldar vegetalista, tendo, ao centro, uma bica em forma de rosa, que verte para a taça em forma de concha, desenhado e oferecido por D. Maria de Saldanha, na segunda metade do século 19.

Cronologia:

1337 - Referência documental mais antiga, encontrada até hoje, atestando a existência da Paróquia de Benfica, no testamento de uma D. Maria de Aboim.

1392, 29 de novembro – Referência, mais antiga, conhecida até hoje, à invocação da Igreja a Nossa Senhora do Amparo, numa cerimónia presidida por D. João Esteves, bispo do Porto, onde é feita a doação perpétua da igreja de São Salvador da Mata à Ordem dos Pregadores e é fundado o convento de religiosas dominicanas. Para sustento do convento, foram anexadas as rendas da igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica. Ficou, assim, determinado que dois terços dos dízimos da Igreja seriam entregues ao Convento do Salvador, em Alfama.

1582 (finais) - Primeiro registo conhecido de batizados e casamentos. A Paróquia contava, então com 150 fogos, num total de cerca de 600 habitantes.

1586 - Faz-se a instituição canónica da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo. É esta a mais antiga Irmandade da Paróquia, seguindo-se a do Santíssimo Sacramento, referenciada, pela primeira vez, no ano de 1632.

1750, 29 de agosto - Início da construção da nova igreja, com projeto e conceção da capela-mor atribuído a João Frederico Ludovice, arquiteto régio de D. João V, proprietário da Quinta de Alfarrobeira e, como tal, freguês da paróquia de Benfica.

1754 - As obras pararam.

1755, 1 de novembro – O Terramoto, veio pôr à prova a solidez da construção. Dos estragos então causados, informava o Pároco, em comunicação oficial de 12 de abril de 1758, que «a maior ruína foi na igreja nova que se andava fazendo, e até agora se lhe não boliu».

1780 - As obras foram retomadas, agora com um segundo projeto de João Pedro Ludovice, filho do primeiro arquiteto, e direção de João Gomes, auxiliado pelo seu filho, o canteiro Leandro Gomes. As obras arrastaram-se. A construção da nova igreja seria um processo de avanços e paragens constantes, em grande parte por ser um projeto dispendioso demais para a população rural, que não ultrapassava, à data, as 4 mil pessoas.

1809, início de dezembro - As obras são dadas por concluídas.

10 de dezembro - Iniciam-se as cerimónias da sagração da nova igreja, que se prolongam até à festa da Padroeira, a 18 de dezembro. A cerimónia é presidida por D. Frei Joaquim de Menezes e Ataíde, bispo de Meliapor, com licença do Patriarca eleito de Lisboa, D. António de S. José e Castro.

1811 a 1813 - A sagração da nova igreja não determinou, o fim das obras, procede-se ao arranjo do guarda-vento

1840 - Ergue-se a torre do lado nascente, ficando a do lado poente por construir.

1815 - A inauguração da nova igreja, dita o declínio da velha igreja medieval e passa a servir de capela do cemitério do adro

1846 – A antiga igreja é destruída para se proceder à ampliação do cemitério do adro. Esta terraplanagem destruiu na totalidade os vestígios da sua existência.

1880 - As ossadas do cemitério são trasladadas para o novo cemitério de Benfica, então dito dos Arneiros. Por essa altura, o terreno do adro velho foi transformado no adro da Igreja nova.

1900 - Construção de um coreto no adro oeste.

1923 - A torre sineira recebe um relógio.

1958 - Início da construção da primeira fase do Centro Paroquial e a antiga sacristia da Irmandade do Santíssimo, que era o cartório paroquial passou a servir de casa mortuária.

1961 - Entronização da atual imagem da padroeira, adquirida em Madrid, executada em nogueira, com 1,80 m, trabalhada e dourada a fogo, foi substituir a antiga imagem de roca. É reparado o órgão, datado de finais do século 19 de acordo com a inscrição gravada no interior da tampa do teclado, com o aproveitamento de um bufete bastante mais antigo, possivelmente do século 18, se não anterior.

1963 – São colocados azulejo de figura avulsa do séc. XVIII, na sacristia, provenientes da Quinta da Buraca.

29 maio - Início da construção da segunda fase do Centro Paroquial, que custou 1950 contos; a obra foi realizada pela firma Alves Ribeiro, sob a orientação de Joaquim Ribeiro Bouça; o projecto foi de Erich Corsépius.

1965, 4 julho - Inauguração do Centro Paroquial pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, Manuel Gonçalves Cerejeira

1972, agosto – É colocado o atual pavimento em calcário de Pêro Pinheiro, é removida a teia de cantaria, que protegia os lados da igreja, sendo aproveitada para criar os resguardos das capelas dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus, a Nossa Senhora de Fátima e da capela-mor, bem como para ornar o frontal do altar.

1974 – É colocada uma tela, da autoria de Teresa Matos, representando Nossa Senhora de Fátima e os Três Pastorinhos.

1984, 10 de maio – Inauguração do busto do Padre Álvaro Proença, prior de Benfica, da autoria de António Duarte, aquando do primeiro aniversário do seu falecimento. 

Factos e curiosidades:

Apesar da antiguidade da paróquia, o edificado que hoje encontramos é muito mais recente, contando cerca de 270 anos de existência. Pensa-se que este é, na verdade, o terceiro templo construído, na medida em que, antes deste, teriam existido duas outras igrejas, situadas sensivelmente no mesmo sítio.

A anterior igreja paroquial erguia-se no lugar do Tojal, a poente e norte da atual e foi destruída no século XIX. Na sua obra, «Benfica através dos tempos», o Padre Álvaro Proença defendia que a capela gótica de São Roque, incorporada na igreja do século XIV, teria sido a primitiva igreja paroquial de Benfica, concluindo que Benfica, teria tido, sucessivamente, três lugares de culto com função de igreja paroquial.

Do antigo edificado, restam apenas testemunhos escritos. Sabe-se que se erguia sobre a Real Estrada de Benfica, à qual estava ligada pela Azinhaga, que do Tojal, para ela descia. E, mais uma vez, de acordo com o Padre Álvaro Proença, tanto a porta principal, com toda a fachada, como a porta lateral, voltada a sul, e a torre, eram em estilo gótico.

O primeiro arquiteto da nova igreja paroquial, João Frederico Ludovice, foi o primeiro arquiteto de uma das obras incontornáveis do reinado de D. João V, o Convento de Mafra, e grande responsável pela introdução do barroco de gosto italianizante em Portugal.

No adro do lado direito, o cruzeiro, composto por plataforma circular de três degraus, onde assenta a base, fingindo rochas, que procuram evocar o Monte Golgotá, por cima uma coluna toscana, rematada com cruz latina.


Morada:Rua Ernesto da Silva, 13/Estrada de Benfica